Desde os primórdios de minha carreira como jornalista e
especialista em comunicação tenho registrado que saber ouvir é a maior dádiva
da cátedra de comunicação. Afinal, só mesmo tendo o dom de ouvir é que podemos
de fato entender o nosso semelhante. E é essa ponte que leva as pessoas a se
aproximarem umas das outras e manter canais de comunicação fora da obscuridade
e da ignorância social que afasta aqueles que detêm o poder de realizar das
vontades e carências dos que precisam.
O bom trabalho dentro da gestão pública deve justamente
ampliar os canais de comunicação, desobstruir as vias de acesso público aos
gestores, estimular a participação popular, preparar os gestores para serem
receptivos à participação popular e responder a esses apelos.
Para quem acha que isso é pouco, é bom lembrar que o
entendimento entre os que detêm o poder de realizar e aqueles que têm a
necessidade é o principal ponto de convergência para reduzir custos, promover o
entendimento, atender as necessidades em ordem prioritária, estabelecer
vínculos com a população, estimular o feedback,
aumentar a capacidade de gestão, inovar na administração pública.
Nas empresas é comum utilizarmos grupos participativos para
elencar os problemas de cada departamento, promover a discussão sobre os temas
levantados, apontar soluções e meios de implementação; então, por que não
transferir conceitos e ferramentas de gestão empresarial para o setor público a
fim de facilitar o intercâmbio com a população e otimizar a realização de
projetos e serviços, aumentando a qualidade, o controle e a aferição dos
mesmos?
A transferência de técnicas e ferramentas de administração
para a gestão pública pode se tornar uma realidade universal caso haja
predisposição e vontade política para obter resultados e melhorar a qualidade
dos serviços públicos prestados ao cidadão. Imagine o que um sistema de
Inteligência integrado por internet, softwares e profissionais preparados pode
realizar pela sociedade; a montagem de um banco de dados de cada paciente, com
informações pontuais sobre os últimos exames, quadro de possíveis doenças,
tratamentos realizados e outros apontamentos poderiam contribuir para um
diagnóstico preciso durante o atendimento de emergência; e isto tudo poderia
ser visualizado pela leitura óptica de um cartão com código de barras de posse
do paciente ou familiar. Tal paciente poderia ser atendido com maior rapidez e
eficácia em qualquer região que estivesse transitando. Os primeiros
atendimentos de uma ambulância poderiam ser mais assertivos assim que houvesse
a leitura do prontuário eletrônico do paciente, facilitando a chegada e o pós-atendimento
numa unidade de socorro mais próxima. Marcar consultas e exames por meio da
internet seria um facilitador para pacientes, funcionários, clínicas e
hospitais. É a otimização, qualificação e modernidade dos serviços de Saúde.
Este é apenas um quadro dos muitos que poderiam ser pintados
pela capacitação, criatividade e poder de interação proporcionado pela
comunicação junto à gestão pública. O alvo e a missão seria sempre a melhoria
da qualidade dos serviços, afinal, conseguindo tal tento a população estaria
mais próxima da satisfação, e o poder público, da realização de sua existência:
o bem servir.