O marketing político em sua excelência
O primeiro debate político entre os candidatos à Prefeitura
de São Paulo, realizado dia 2 de agosto, na TV Bandeirantes, trouxe novamente à
tona a expectativa em torno do marketing político, e até que ponto transforma a
realidade do candidato em uma nova realidade.
Costumo dizer, por via de regra, ser pouco inteligente
brigar contra a própria essência do candidato, ou seja, não dá para transformar
um “profissional da noite” em frequentador de missas e ações messiânicas; e o
contrário também é fato. Assim, o melhor é destrinchar as qualidades do
candidato e lapidá-las como se fosse uma joia rara, buscando reluzir seu brilho
para que possa ser enxergada por todos em sua volta.
Um candidato que não fosse contestador contumaz, por
exemplo, soaria falso ao tentar esbravejar e demonstrar aquilo que não é.
Portanto, uma figura calma e passiva deve ter seus adjetivos elevados à máxima
potência, e quantificado diante do exercício da função pleiteada. Fazer a
tradução dessa qualidade em algo importante para esclarecimento e empatia junto
ao eleitor é uma das principais atribuições do marketing político. É a partir
dessa estrutura comportamental que o desenho do candidato começa a tomar forma
e principia a montagem da estratégia para a condução da campanha política.
Uma nova roupagem, um corte de cabelo, o uso certo das
palavras não seria de maneira nenhuma uma desconstrução da imagem real do
candidato, mas apenas uma forma de potencializar suas características que até
então estavam omissas. É preciso engrandecer aquilo que supostamente já é bom.
São longos os caminhos do início ao final de uma campanha. É
preciso obedecer todos os protocolos culturais por onde se passa. A roupagem e
o linguajar devem se adequar ao momento, local e público, respeitando o
princípio da melhoria da interatividade com as pessoas. Não devemos comparecer
a um show de rock trajando terno e gravata, tampouco adentrar uma cerimônia no
Palácio do Governo vestindo jeans rasgado – tal extravagância só caberia aos
artistas, ponto.
E para quem pensa que
tal fato é uma regalia dirigida apenas ao mundo político, ledo engano. O
marketing já invadiu o mundo das personalidades e dos executivos, que também
precisam estar alinhados à expectativa de seus públicos. Quem não souber ler
por essa cartilha não passa de ano.
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