Chape, um toque de humanidade
O dia 29 de novembro não será esquecido. Uma mistura de
tristeza, dor, reflexão. Quantas famílias de jogadores e jornalistas ficaram sem pé e
nem chão? Quantas novas famílias se formaram em torno dessa tragédia? Não dá
para esquecer.
Dizem que a gente deve sempre tirar lições de momentos
difíceis. E se existe algo de aprendizado disso tudo, apontaria o que se pode
chamar de “toque de humanidade”.
Parece que tínhamos perdido a qualidade mais essencial em
nossa vida. Há tempos vivemos verdadeiras batalhas campais nas ruas e nas redes
sociais. Os motivos: sempre vazios e com pouca ou quase nenhuma representação
real no valor da vida. Parece que acordávamos todos os dias no ímpeto de buscar
um tema para digladiar. E não precisava mais do que um post para que a batalha
campal desse início. Às vezes, o pensamento era de que a humanidade tinha se
perdido.
Essa tragédia serviu como um soco no estômago, daqueles que nocauteia,
daqueles que põe para dormir. As pessoas então acordaram consternadas, atônitas
e incrédulas do que tinha acontecido. Porém, mais humanas.
A mobilização em torno de alguma prática que pudesse
justificar ou acalentar o sofrimento de parentes e amigos tomou conta de
cidades e estados, do país e do mundo. Jovens, meia idade, pessoas mais velhas,
todos sofridos e unidos. Times rivais, torcidas rivais e rivalidades que já não
tinham mais sentido, abriram parênteses no tempo para prestar homenagens, ajudar,
se solidarizar.
A querida Chapecoense (agora, nossa íntima Chape) fez o elo
mais importante e razão de estarmos aqui: ser humanos. Aprendemos em um dia
aquilo que estávamos perdendo por décadas; deixamos de lado as nossas picuinhas
boçais; deixamos o diz-que-me-disse; paramos de olhar aquilo que pouco
interessa e pouco oferece de contribuição à nossa evolução; deixamos de ser
solitários para sermos Humanidade. Como bem diz o dicionário: a reunião de
todos os seres humanos (acrescento) “de verdade”.
Que essa dor seja a argamassa que precisamos para sermos
melhores – a perfeição não existe, pelo menos nesse plano terrestre – mas, pelo
impacto que sofremos, aprendemos que podemos melhorar. Que a partir dessa
tragédia sejamos mais humanos todos os dias; que sejamos todos Chape!
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