A comunicação não violenta
As redes sociais sofrem diariamente uma inversão de
propósitos. Aquilo que seria um campo fértil para a troca de ideias, propostas
proativas, histórias estimulantes à reflexão, inputs para a criatividade, enfim, uma gama de elementos que
possibilitassem o desenvolvimento do ser humano, a melhoria da sociedade,
tornou-se um coliseu de enfrentamentos sobre coisas sérias e outras bizarras.
Não é difícil nos depararmos todos os dias com discussões
sobre temas irrelevantes até mesmo para quem deu start para a discussão. É a celebridade que tirou uma foto assim ou
assado, o político que continua falando e fazendo besteira, o cartão de crédito
do apresentador de programa, a opção partidária da atriz, e uma infinidade de
temas casuais que despertam o desejo de todos à opinião; acima de tudo, é
preciso opinar.
A opinião é certamente saudável quando leva as pessoas à
reflexão, à melhoria das relações humanas, ao aprimoramento da democracia, à
análise sobre o momento social em que vivemos, à criação de respostas positivas
e com soluções que favoreçam a todos e não sejam apenas um espelho de defesa
daquilo que se acha certo. Todas as vezes que disparamos palavras com a ferocidade
de projéteis bélicos destinados a ferir o outro, damos um passo atrás no
desenvolvimento social. Isto por si só nos remete ao caos comunicacional,
criando barreiras entre nós e os demais grupos, nos colocando involuntariamente
de um lado ou de outro da conversa como times antagônicos.
A divisão da sociedade está cada vez mais acentuada nas
redes sociais. Ninguém se entende com ninguém. Reclamamos o tempo todo que
falta vontade política de nossos representantes para a melhoria do país, o que
é uma verdade; contudo, também nos falta vontade social para que melhore o
relacionamento das pessoas e a busca de soluções pincelando não aquilo no que
divergimos, mas no que nos aproxima. É claro que apontamos divergências mais
num sinal de autoproteção, de uma crítica psíquica a modelos que nos causa
dificuldades de entender e aceitar, mas precisamos ter consciência que nem
sempre somos donos da razão; escutar o próximo pode ser um exercício social
salutar ao crescimento pessoal.
É preciso cada vez mais saber interagir; lutar contra o
nosso rebeldismo social que estimula tantas discussões vazias e mal
proveitosas. Descobrir soluções é sempre melhor do que apontar defeitos nos
outros. Para que isso aconteça, é preciso deixar de lado o ego e olhar na
direção que aponta o melhor caminho para todos.
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