Empatia comunicacional: a gestão de talentos e o sucesso organizacional

Ao chegar para mais uma reunião mensal do grupo de comunicação de uma organização multinacional de autopeças, fomos logo desafiados pelo tema de pauta da reunião: Por que nossos funcionários não acreditam naquilo que falamos e dão tanta importância aos alto-falantes do sindicato aí na porta?
Quem já passou por negociações sindicais ou adversidades comunicacionais com grupos de funcionários sabe do que estou falando e, alguns, já devem ter seu próprio receituário para lidar com esses tipos de crises. No entanto, vos digo: cada caso é um caso, e nenhuma empresa é totalmente igual a outra para tomar do mesmo remédio ou da mesma dose.
Isto posto, voltando ao caso proposto pelo meu cliente, visto o que já ouvíamos na porta da fábrica, na recepção enquanto esperávamos ser anunciados, nos corredores até chegar aos escritórios e no bate-papo antes da reunião, já tínhamos a ideia de que todas as informações apontavam noutra direção, contudo, era preciso fundamentar nossas observações.
Sugerimos uma pesquisa com base quantitativa, seguida por uma qualitativa com entrevistas em diferentes postos de trabalhos e nos três turnos da empresa. Ao final, apresentamos um relatório com os dados coletados, análise e recomendações. O que ficou mais evidente foi que os funcionários não acreditavam no sindicato, da mesma forma que não acreditavam na empresa. Entretanto, descobrimos que a descrença na empresa era fruto da falta de empatia comunicacional da organização em relação aos mesmos; eles sentiam-se em segundo plano e desprestigiados.
Precisamos entender que as organizações são células vivas, tocadas diariamente por agentes que trabalham dentro do aspecto racional e emotivo. Assim, precisam se sentir em plena sintonia com o exercício diário da empresa rumo ao cumprimento de metas e a caminho dos objetivos. Para tanto, a comunicação é o alicerce para melhoria do relacionamento, entendimento dos desafios, potencialização das equipes, construção de pontes de liderança, catalisação de inovações e equilíbrio de gestão.
Quando precisamos melhorar a qualidade de produtos e serviços ou mesmo aumentar a produtividade, é necessário criar um clima de autoconscientização em todos os departamentos. Cada funcionário passa a ter um papel fundamental, deve entender exatamente qual é sua função e como seu desempenho vai repercutir no final de cada trabalho realizado no dia a dia para se atingir as metas propostas por cada liderança. A colocação de uma simples peça dentro de outra peça maior, a qual resultará num maquinário complexo, deve ser entendido tal qual um músico de uma orquestra que ao desafinar compromete toda a harmonia do espetáculo.
Mas, como fazer com que esse funcionário entenda sobre a própria importância e passe a contribuir de maneira eficaz para o resultado final almejado pela organização?
Voltando ao exemplo da orquestra, cada músico antes de subir ao palco para dar seu espetáculo precisa ter um preparo técnico e treinamento exaustivo para adquirir propriedades funcionais e harmônicas necessárias àquele momento único. O funcionário que lida na linha de produção ou nos escritórios também deve ser visto dessa maneira, como um artista que precisa lapidar o seu talento para transformá-lo num grande espetáculo no seu dia a dia de trabalho.
A criação de um plano de empatia comunicacional através de uma série de mensagens por meio de lideranças, treinamentos, programas de comunicação interna, programas de recompensas por metas e realizações, é o caminho para a saúde organizacional. As pessoas precisam sentir que têm importância e que seu trabalho é primordial. É a consolidação dessa autoconscientização entre funcionários que leva uma empresa ao status de liderança do seu mercado de atuação.
É importante entender que o corpo funcional, quando adentra as unidades da empresa ou mesmo quando a representa em sistemas home-office, está carregando o DNA de tudo aquilo que a empresa se constitui. Portanto, a crença que emana no desempenho de suas funções é a mesma daquela depositada pela organização no trato com cada funcionário. O bom desempenho do todo sempre dependerá da somatória das partes. Cada elo forte é a garantia de uma corrente resistente. Cada músico bem preparado é a garantia maior de um concerto inesquecível. É isso que determina o sucesso ou o fracasso de cada espetáculo.

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