Quando todos têm razão


Costumo dizer que o princípio de um conflito surge quando as partes envolvidas estão certas que têm razão. A disputa para fazer valer a verdade absoluta é o que estimula a desavença.
Já observaram que as raízes da razão sobre os conflitos entre palestinos e israelenses, homens e mulheres, jovens e adultos, chefes e empregados são erguidas sempre sobre a mesma plataforma: a disputa pelo poder; a certeza de estar com a razão?
Todas as vezes que nos colocamos diante de um desafio, ou de uma opinião contrária, o melhor exercício é a troca de paradigmas, ou seja, observar a mesma questão sob o olhar do outro; abrir a mente para perceber como o outro está vendo determinado problema; perceber o que sente enquanto está absorvido por aquele tipo de visão. Enfim, entender o ponto de vista contrário, o que poderá oferecer pistas e informações preciosas para abreviar discussões e chegar a soluções mais rapidamente diante do problema proposto.
Seria elementar dizer que uma série de variáveis levaria à equação de resolução de um problema: o momento, a cultura, o estado de espírito, os interesses envolvidos, os palpites e opiniões de terceiros, a maturidade dos atores envolvidos na discussão. Contudo, a base é realmente a troca de paradigma, entender o outro, pensando como o outro. É um preceito básico para o aprimoramento da comunicação interpessoal (com os pares), e também para a melhoria da comunicação intrapessoal (consigo mesmo). Afinal, quanto mais entendemos os outros, melhor vivemos com o nosso eu.
Nossas representações refletem diretamente em nossas atitudes, as quais simbolizam como será conduzida uma negociação, uma relação, uma situação peculiar que carece de entendimento entre as partes.
Todos os dias, dentro das empresas, ocorre uma série de conflitos de interesses. Isto porque cada um procura defender seus pontos de vista, sem, muitas vezes, levar em conta a visão alheia, independente de certa ou errada. A questão mais importante é sabermos interpretar até que ponto a visão do outro pode contribuir para enriquecer aquilo que julgamos como definitivo. Afinal, o definitivo não existe, é simplesmente momentâneo.
Quem era um exímio professor de datilografia hoje poderá ser uma bela peça de museu se não tiver acompanhado o desenvolvimento dos computadores e seus softwares, suas aplicações, e acima de tudo, como as pessoas passaram a se relacionar com esse mundo de novidades. Então, como dizer que um adulto não tem nada a aprender com os mais jovens? A verdadeira maturidade está na ótica emocional e não na carteira de identidade.
Uma empresa que não entende o seu principal público, os funcionários, é um barco à deriva. Pois quem coloca as empresas na crista da onda não são as máquinas e nem os ultramodernos softwares, mas quem utiliza tais ferramentas para inovar, para colocar a organização a um passo adiante. E ninguém alcança o “nirvana empresarial” numa atmosfera de dúvidas, incertezas e disputas rancorosas sobre quem é o dono da razão. Portanto, não invista tempo e esforço em discussões destrutivas e improdutivas. Lembre-se que a razão sempre está ao lado da solução. E a solução não ocorre de maneira indistinta, é preciso aceitação dos pares.

Comentários

Muito interessante o texto, especialmente por tratar a relação da empresa com seus empregados. A disputa por quem tem razão em cada situação faz parte da vida pessoal, mas especialmente da vida profissional de todos nós.

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