As mil faces da comunicação
Já se deparou com aquela situação em que tudo parece bem encaminhado, mas na hora “H” o resultado é pífio? Pois não é um privilégio dos simples mortais. Existem muitos casos de empresas que investiram grandes somas no lançamento de produtos, na abordagem de um novo mercado, mas que “inexplicavelmente” não conseguiram atingir o resultado esperado. É o caso da AOL quando tentou se instalar no mercado brasileiro. Empresa líder nos Estados Unidos, muitos recursos financeiros, abordagem diferenciada para a época com farta distribuição de CDs de instalação, joint venture com o Itaú, enfim, tudo o que poderia ser necessário para dar certo. Não deu!
Hoje, anos depois, e muitas análises, há apontamentos de que a falha estava em não entender a cultura local, em tentar empregar o mesmo tipo de estratégia que já tinha dado certo no mercado americano. É nesses momentos que identificamos quanto é complexa a tal comunicação. Não apenas recursos financeiros, nem tampouco tecnologia, ou mesmo boa estratégia se mostra o suficiente. É preciso entender o consumidor de uma maneira totalitária, por dentro e por fora.
A comunicação é isso aí! Uma ciência que compartilha de outras tantas para elucidar os caminhos até a mente do ser humano. Senão, vejamos como é necessário o conhecimento de psicologia, antropologia, sociologia, filosofia, entre outras, para detalhar cada ação proposta e alcançar um porto seguro na mente e no coração das pessoas.
Quando planejamos uma campanha, o lançamento de um produto, a criação de um novo serviço ou qualquer outro motivo relacionado à conquista da predileção humana, é preciso tomar os cuidados necessários para não errar na concepção da estratégia mais adequada a cada caso. É imprudente achar que uma determinada situação empregada com sucesso outrora, deverá repetir o tento, o que até poderá acontecer, mas não é uma realidade factual; devendo ser tratada exclusivamente como uma informação para um plano maior.
Diante disso, é preciso entender o ser humano em seus mais variados detalhes: modo de vida, nível de expectativa, relação com os meios de comunicação a serem empregados, perfil comunicacional, desejos e necessidades, cultura local, enfim todos os meandros que regem a vida das pessoas envolvidas. É desse glossário informativo que o profissional de comunicação partirá para exercer com maestria a construção do plano de comunicação e respectivas estratégias para conquistar o mercado.
Mas se tudo é tão simples assim, por que não é feito dessa forma? Primeiro, porque não é tão simples assim. O levantamento de todas as informações necessárias é complexo e requer investimentos consideráveis, que em vista dos resultados não são tão altos – a velha questão do custo x benefício. Do outro lado, temos quase sempre a aposta de que a “experiência” é o remédio para todos os males (o que já deu certo dará novamente) – não é bem por aí. Outro ponto, é que por conhecermos as ferramentas e técnicas para validar as estratégicas programadas, achamos que isso basta. Pois é nesse arcabouço de conhecimentos e certezas que muitas vezes perdemos a direção que devemos adotar e somos lançados ao mar do desconhecido. Portanto, experiência e conhecimento de ferramentas e técnicas não é tudo; é preciso mais.
Por que muitas vezes um barzinho numa determinada rua está sempre cheio, enquanto que um estabelecimento similar no mesmo quarteirão não consegue nem 30% daquela clientela? Novamente, a mesma fórmula: o entendimento completo do ser humano. E é nesse campo de estudo que os profissionais de comunicação deverão se debruçar para criar propostas ousadas e assertivas para validar programas e estratégias. Devemos estar antenados às novas técnicas e tecnologias, mas cada vez mais craques na absorção dos conhecimentos seculares que regem toda a diferença: conhecer o ser humano.
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