Admirável mundo novo


Segundo a ONU, há mais celulares no mundo do que escovas de dentes. É apenas um dado para mostrar a crescente onda de comunicação em todo o planeta. Redes sociais, milhares de computadores interconectados, malhas digitais, celulares e toda sorte de veículos de comunicação fazem a alegria de milhares de pessoas espalhadas pelo globo.
As empresas estão no meio do tiroteio comunicacional. Sentem a pressão diária de participar e como participar num cenário multifacetado por inúmeros editores de suas próprias comunicações. Hoje é muito simples emitir uma opinião e, em instantes, ver o fato tomar proporções inimagináveis. Temos exemplos todos os dias: atrasos de aviões, mau atendimento, filas nos estabelecimentos, preços de gôndolas que não condizem com os registros do caixa, produtos inadequados às promessas de propaganda, dificuldade para adquirir produtos divulgados, falta de transparência no serviço público, enfim, uma gama de situações noticiadas todos os dias nas redes sociais ganham repercussão na grande mídia. O famoso boca a boca transformou-se no computador a computador.
Para as organizações ainda distantes dos stakeholders, tais fatos são sempre uma má notícia; verdadeiras catástrofes no mundo dos negócios. Contudo, fica a pergunta: o verdadeiro débito da cartada noticiosa deve ser creditado ao emissor ou à empresa que não se preparou para atender à demanda comunicacional?
Pois é, como diria o ditado, é nessas horas que vemos quem tem lata velha para vender. Quem de fato está estruturado para antever situações que possam ser constrangedoras; quais são os fatos que podem vir à tona e causar dificuldades de relacionamento com o mercado; quais são as possibilidades em cada cenário de acordo com os acontecimentos, os quais podem muito bem ser previstos. Não cabe mais ao profissional de comunicação e demais lideranças o hábito de agir apenas como bombeiros, sempre a postos para apagar o incêndio. O século XXI exige mais desses profissionais. É preciso uma visão de futuro sobre o modelo de negócio, destrinchar os cenários desenhados, as demandas e exigências dos stakeholders, a participação cidadã que cabe a cada organização, o comprometimento com a linha de valores, missão e objetivos da empresa, a criação de uma linha comunicacional influente e responsável.
Deter-se na discussão de participar ou não das redes sociais é um tópico ultrapassado para o novo modelo de negócios. Não há como ficar fora desse contexto; se a empresa optar por não criar mecanismos de comunicação e interação com os públicos, saiba que os stakeholders realizarão as comunicações, independente de tudo. Portanto, não dá para viver à margem da malha digital, como se estivesse numa ilha, aquém do que acontece no outro lado do planeta.
Algumas organizações ainda acreditam que é possível viver sem ter um planejamento de comunicação e estratégias bem definidas e assimiladas para a contenção de crises. Não importa mais se você vende direto ao consumidor ou não, estamos num momento em que todos são cidadãos, isto é o suficiente para nos colocar no mesmo barco. E a responsabilidade por aquilo que fazemos ou deixamos de fazer toma proporções positivas ou negativas de acordo como nos preparamos para enfrentar tais vicissitudes.
Hoje, podemos até questionar o modelo utilizado para se comunicar nas redes sociais por esta ou aquela empresa, mas é inevitável a conclusão de que é preciso estar lá. Não dá para ficar de fora, olhando esse admirável mundo novo passar.

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