sábado, 11 de dezembro de 2010

Para que serve a crítica?


Tem dias em que a gente acorda com espírito de Aristóteles. Fica pensando no que é certo, no que é errado, no que não é certo e nem errado, apenas é. A crítica é uma dessas palavras que mora do lado avesso de nosso consciente positivo. Ninguém pronuncia o termo pensando no prol da questão em questão. Mas por que a crítica é tão pejorativa no âmbito do cuidado com o ser humano?
Dizem que ao nascermos somos submetidos a um milhão de “não” até completarmos nossos primeiros anos de vida. Concessões são minorias, e a balança da vida é quase sempre desigual para quem deseja ouvir o “sim”. Mas venhamos e convenhamos, será mesmo preciso atuar como críticos tão efervescentes durante todo o trajeto de nossas vidas? No seio familiar, bombardeamos os filhos, os pares; na empresa, disparamos contra funcionários e parceiros; nas ruas, somos cruéis nos faróis e no trânsito cada vez mais caótico. E no fundo, temos a plena percepção de que não estamos fazendo o correto, afinal, é claro e cristalino perceber que as mudanças desejadas quase nunca são alcançadas com a crítica.
Por que então somos tão taxativos e teimosos no uso de uma programação neurolinguística que temos certeza de sua ineficácia? Seria apenas a crítica uma válvula de escape para nossas frustrações pessoais e profissionais? Seríamos nós atores de uma tragédia desejada no teatro da vida?
Tenho acompanhado muitos executivos de diversos níveis hierárquicos ao longo das últimas décadas. Sempre houve um problema comportamental em relação ao tratamento de seus pares. É certo que as coisas melhoraram com o passar do tempo, pois já não vejo mais supervisores e chefes de departamentos pegando funcionários à tapa como num passado não tão longínquo. Hoje, os tempos são outros; as empresas estão mais cientes de suas obrigações sociais, da preparação na formação de suas equipes, nos desafios a serem enfrentados diariamente. Diante disso, cumprem seu papel de educar e formar equipes de acordo com a realidade que estão vivendo, com os desafios que se apresentam, com os objetivos que desejam alcançar.
Mas não vamos ser tolos e dizer que a crítica não é uma senhora desaforada e presente nas organizações, pois ela mostra sua face todos os dias. Então, por que somos tão coniventes com tal condição negativa? É possível apostar na falta de preparo do ser humano em lidar com outras pessoas e até mesmo consigo. Se entender o outro é tão difícil, entender a si mesmo é ainda mais.
 Dizem que para mudar o mundo é preciso começar pelo nosso interior. Pura verdade. Também dizem que todas as respostas estão contidas nas melhores perguntas. Então, devemos cada vez mais buscar entender nossas dificuldades e procurar aproximar o nosso ser da possibilidade do entendimento. Como? Abrindo a nossa mente para aquilo que ainda não entendemos; ouvindo mais e falando menos; interagindo com os nossos pares de maneira verdadeira e despreocupada. Talvez essa seja a porta para ultrapassar a barreira do entendimento com os indivíduos e diminuir a dificuldade que temos em lidar menos com o elogio e mais com a crítica. O certo é que devemos cada vez mais exercer o controle sobre o nosso “eu” para brindar os nossos pares com os benefícios da resiliência comportamental.

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