sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Uma campanha pra lá de burocrática


Abro meu navegador, saio às ruas, ligo a Tv, ouço rádio, leio jornais e revistas: é tudo tão igual. Campanha política... continua a mesma.
As campanhas políticas são contadas e mostradas de maneira tão destemperadas quanto nos anos anteriores. É difícil dizer se há despreparo dos políticos em aceitar inovações; se há despreparo dos profissionais de comunicação em sugerir o novo; ou se “burocracia mental” é uma doença presente no cerne de nossa política.
Imaginei que o vies de criatividade da campanha de Barack Obama traria novos ares para o palco da política nacional – pelo menos em termo de marketing; nada aconteceu. O fator Internet era uma promessa, continua sendo.
Existe um padrão de usabilidade das ferramentas de comunicação que não é transposto, nem tampouco  cria novas formas de interatividade com os diferentes públicos. É claro que para os que estão na dianteira, mudar pode ser prejudicial, no entanto, para quem corre o risco de perder, poderia ser a oportunidade de virar o jogo.
O nível de discussão do primeiro debate político trouxe uma mescla do antigo comodismo com a disciplina comunicacional daqueles que não podem oferecer nada mais além de uma retida figura bossal. Um twitter chamou minha atenção: “saudades do Covas, Lula, Brisola e tantos outros que davam tempero aos debates”. Pois é, independente do circo, as técnicas de comunicação eram mais impactantes.
Saindo das telas da Tv e dos computadores, as ruas também não têm nada a oferecer: beijos em criancinhas, apertos de mãos, caminhadas pré-agendadas, cafezinhos, bolinhos de carne, pasteis... A pergunta fica: será que são apenas estes instrumentos e as velhas técnicas de fazer política que podem aproximar um candidato do público, de iniciar um processo de conquista, levá-lo à vitória?
Quando o marketing político fecha as trincheiras da criatividade e começa a dar expediente nas cátedras das pesquisas está na hora de repensar o processo de comunicação política. É preciso não apenas de ousadia, mas de planejamento científico da comunicação.
Tenho feito o monitoramento de algumas campanhas e percebo que o planejamento está calcado não na programação do planejador, mas no alcance realizado pelo opositor; se as pesquisas apontarem que fulano foi melhor no Sudeste, então, para tudo e vamos de mala e cuia percorrer as ruas daquela região. Isto não é planejamento, é “complexo de bombeiro” – querer apagar incêndio a qualquer custo.
Mas como estamos apenas no ínicio das campanhas, espero que algo de novo possa acontecer; porém, sinceramente, acredito que nada vai mudar. São os desígnios da comunicação burocrática. É preciso desburocratizar.


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