terça-feira, 27 de julho de 2010

Uma visão para o século XXI

Temos convivido com uma falsa evolução em muitos aspectos. É verdade que o volume de conhecimentos produzidos hoje é dezenas de vezes superior ao de décadas passadas. É também verdade que o nível de tecnologia é astronomicamente maior do que o do século passado. A internet possibilita a integração entre povos, a disseminação de informações, a proclamação de novos conhecimentos. Tudo perfeito se não fosse um mero detalhe: a visão do século passado; em alguns casos, do século retrasado.

Não é uma crítica pela crítica, é uma constatação do que temos observado em vários níveis. Senão, vejamos: o sistema educacional é tratado com a didática do século XIX, professores preparados para o século XX, estudantes com carência do século XXI. Não existe aqui uma culpa única; existe sim uma despreocupação conjunta de todos. São políticas inadequadas para o ajuste necessário às necessidades de nosso tempo; são instituições e empresários distantes da prática de liderança para criar novos modelos para a educação; são grupos sociais – como todos nós – distantes da percepção de como somos importantes para mudar os mecanismos que aí estão.

Uma mudança global só acontece com a extratificação em diversos níveis e a aplicação constante de melhorias para um crescimento organizado e conjunto. Uma empresa é uma célula importante dentro de todos os contextos de um país. É preciso lançar mão de idéias e ações importantes para a manutenção da cidadania, para a evolução do pensamento estratégico que tanto nos falta rumo ao desenvolvimento. Contudo, é necessário criar mecanismos para ajustar essa engrenagem e fazer com que as organizações participem efetivamente de um conjunto de idéias pró-ativas para um modelo de visão desenvolvimentista para o século XXI.

Os profissionais de comunicação têm uma responsabilidade ilimitada dentro desse desafio. Primeiro porque não podem ser apenas gestores de ferramentas de comunicação, devem ocupar o papel de pensadores da comunicação como uma ciência necessária à transformação da sociedade. É preciso entender que não existem empresas isoladas, municípios isolados, bairros isolados, ou qualquer tipo de sítio aquém dos efeitos comuns a toda uma coletividade. Como diria meu avô: “pau que bate em Chico, bate em Francisco”.

A visão social sobre os acontecimentos do cotidiano parecem muito arraigada à crítica verbal, ao pensamento imediatista, à falta de visão estratégica para resolver problemas. Elencando apenas as questões mais próximas do nível de preocupação geral do Oiapoque ao Chuí, temos a Educação, a Segurança, o Desenvolvimento Social. Não é muito difícil de chegar ao veredicto: todas estão interligadas, e a Educação é a fonte de solução de tudo.

Temos dois pontos estratégicos para o combate da violência e a melhoria de vida da sociedade. Investimento maçico e ordenado em áreas estratégicas – que, infelizmente, não são vistas como tais -, imperativas para o desenvolvimento social: cultura e esporte. Analisemos: a maior onda de violência trafega de pontos distantes que eclodem junto a sociedade como um todo, chegando aos grandes centros. Por muito tempo, a situação acontecia, porém, enquanto restrita aos bairros mais distantes dos grandes centros, tudo era aceitável – são as heresias da sociedade contra si mesma. Hoje, a violência atinge a todos e a preocupação se instala na mente coletiva 24 horas por dia. E, neste momento, aparecem soluções paleativas: construção de mais e mais presídios, aumento de penas, novas leis, redução de maioridade e por aí vai. Contudo, não é a fonte da solução do problema; cortar o mato apenas torna a raiz cada vez mais forte.

Ao invés de presídios, escolas de primeira linha; ao invés de redução de maioridade, oportunidades e incentivos para a prática cultural (música, dança, teatro, pintura, escultura etc) e de esporte (futebol, volei, basquete, natação, atletismo etc); ao invés de pensar na solução para hoje, pensar também e, principalmente, no amanhã.

As corporações têm uma responsabilidade conjunta, afinal, o que atinge uma pessoa repercuti na comunidade, que repercuti em seu entorno, atingindo à sociedade de maneira geral – as empresas não escapam. Sustentabilidade também é isso! Crescer integrada a uma proposta de desenvolvimento social; de preferência, como ator principal, não mero coadjuvante.

Por isso, os pensadores da comunicação têm um desafio todo particular: saber fazer a leitura dos acontecimentos passados, observar e atuar no presente e, cirurgicamente, planejar o futuro.

Um comentário:

Paulo B. de Oliveira Jr. disse...

Parabéns, o texto ficou muito bom. Concordo em gênero, número e grau. A comunicação atual é grande responsável pela disseminação de idéias, ideais, concepções sobre o mundo. Já que trabalhamos com ela, devemos usá-la com muita responsabilidade.

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